PCP evoca em sessão o 40.º aniversário
da Constituição da República

Hoje e sempre<br>os valores de Abril

O PCP as­si­nalou com ini­ci­a­tivas vá­rias o 40.º ani­ver­sário da Cons­ti­tuição da Re­pú­blica. Ponto alto desse pro­grama foi a sessão re­a­li­zada do­mingo, 2, em Lisboa, com a par­ti­ci­pação do seu Se­cre­tário-geral, Je­ró­nimo de Sousa.

A Cons­ti­tuição é uma força ins­pi­ra­dora de fu­turo que in­cor­pora os va­lores de Abril

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Uma grande jor­nada po­lí­tica e cul­tural re­a­li­zada no exacto dia em que per­fazia quatro dé­cadas sobre a apro­vação e pro­mul­gação da magna carta que aco­lheu e con­sa­grou as as­pi­ra­ções, a in­ter­venção e con­quistas dos tra­ba­lha­dores e do povo, as trans­for­ma­ções de­mo­crá­ticas e os avanços al­can­çados com a Re­vo­lução do 25 de Abril.

Tendo es­tado à al­tura da dig­ni­dade e im­por­tância da efe­mé­ride, esta foi uma ini­ci­a­tiva que fez igual­mente jus ao nível de exi­gência, qua­li­dade, rigor e mi­li­tância que é re­co­nhe­ci­da­mente pa­tri­mónio de quem a or­ga­nizou.

E isso ficou pa­tente no ele­vado grau de par­ti­ci­pação, na at­mos­fera com­ba­tiva, nos con­teúdos cri­a­tivos e ritmo do es­pec­tá­culo, na en­trega e pro­fis­si­o­na­lismo de todos os que nele in­ter­vi­eram.

Mas foi-o, ainda, pelos afectos, pela ale­gria, am­bi­ente fra­terno e so­li­dário que se res­pirou na­quela tarde no Fórum Lisboa. Por onde per­pas­saram me­mó­rias, frag­mentos da nossa vida co­lec­tiva. Con­quistas, lutas, avanços e re­sis­tência que ti­veram, todos eles, como pro­ta­go­nista cen­tral, sempre os tra­ba­lha­dores e o povo.

Força que ins­pira

E fu­turo. Foi so­bre­tudo de fu­turo que ali se falou. Desse devir que que­remos cons­truir, que se há de cons­truir, de que a Cons­ti­tuição é força ins­pi­ra­dora e que os va­lores nelas pre­sentes – os va­lores de Abril – pro­jectam.

Tudo a es­pe­lhar, afinal, o modo como o PCP avalia e va­lo­riza a nossa Lei Fun­da­mental. Pelo que esta re­pre­senta en­quanto ga­rante de di­reitos fun­da­men­tais, mas também pelo po­ten­cial trans­for­mador que en­cerra – ela que aco­lheu os mais fundos an­seios e as­pi­ra­ções po­pu­lares – no sen­tido da cons­trução da uma so­ci­e­dade de pro­gresso e bem-estar, mais justa e so­li­dária.

Foi, pois, a com­pre­ensão por este sen­tido pro­fundo que emana da Cons­ti­tuição e do papel que esta tem nas nossas vidas que marcou as cerca de três horas e meia desta sessão co­me­mo­ra­tiva que, pro­por­ci­o­nando mo­mentos de en­tre­te­ni­mento, teve so­bre­tudo o mé­rito de fazer pensar, de car­regar ener­gias, re­novar a con­fi­ança dos que nela mar­caram pre­sença e es­go­taram a ca­pa­ci­dade da­quela sala da ca­pital.

Do que foi o 25 de Abril – essa tor­rente li­ber­ta­dora que mudou a face do País – e do muito que falta fazer para que o seu le­gado se cumpra se ocupou em larga o guião do es­pec­tá­culo. O mote foi lan­çado por Dé­bora Santos, mi­nutos de­pois de os Karma Drums (Seixal) e dos Amigos do Alen­tejo do Feijó terem aberto a sessão. Antes de con­vidar Je­ró­nimo de Sousa a in­tervir, aludiu à im­por­tância de falar «de onde vi­emos; até onde o 25 de Abril de 1974 e a sua Cons­ti­tuição nos trou­xeram e o que nos falta ainda andar».

Con­cluído o dis­curso do di­ri­gente co­mu­nista, o es­pec­tá­culo fruiu a partir daí em linha con­tínua, sem que­bras nem in­ter­valos, com­bi­nando de forma har­mo­niosa di­fe­rentes ex­pres­sões ar­tís­ticas, em in­te­racção per­ma­nente, da po­esia ao te­atro, do vídeo à fo­to­grafia, do canto à mú­sica, na sua di­ver­si­dade de gé­neros, da mú­sica po­pular por­tu­guesa ao jazz e ao rock, do cante alen­te­jano ao hip-hop, à mú­sica eru­dita, às so­no­ri­dades da gui­tarra por­tu­guesa, da flauta, da gaita de foles ou do bombo.

Grande es­pec­tá­culo

Ac­tu­a­ções que foram in­ter­ca­ladas pela lei­tura em voz off, por Jorge Freitas, de breves textos alu­sivos a cada uma das 12 áreas te­má­ticas em que se di­vidiu o guião do es­pec­tá­culo – da re­sis­tência ao fas­cismo ao pe­ríodo lu­mi­noso que se se­guiu ao 25 de Abril, pas­sando pelos di­reitos fun­da­men­tais que in­te­gram a Cons­ti­tuição (como o tra­balho, saúde, edu­cação, se­gu­rança so­cial), pelas ques­tões de so­be­rania ou pelo poder local de­mo­crá­tico. Numa tela gi­gante que pre­en­chia na sua to­ta­li­dade o fundo do palco, ima­gens alu­sivas evo­luíam à me­dida de cada tema. Par­ti­cu­lar­mente to­cantes – e por isso su­bli­nhadas com fortes aplausos – foram as ima­gens da Al­mi­rante Reis, em Lisboa, no 1.º de Maio de 1974, de Álvaro Cu­nhal no co­mício do PCP em Odi­velas no dia em que Cons­ti­tuição foi apro­vada (2 de Abril de 76), e da de­cla­ração de voto pro­fe­rida em nome do PCP por Oc­távio Pato nesse mesmo dia na As­sem­bleia da Re­pú­blica.

E foi assim que pas­saram pelo palco, re­ce­bendo o ca­lo­roso tri­buto da as­sis­tência, a ex­ce­lente voz de Maria Anadon, a po­esia de­cla­mada com alma por Adriana Rocha, Luísa Or­ti­goso e Do­mingos Lobo, a re­pre­sen­tação ar­ro­jada de Cláudia Reis, Jaime Neves e Pablo Fi­dalgo, a ir­re­ve­rência ju­venil do hip-hop de SET, a cri­a­ti­vi­dade do Quin­teto Cinco Ca­mi­nhos, os acordes únicos da gui­tarra por­tu­guesa de Luísa Amaro e a magia da flauta trans­versal de Ale­xandra Branco Wef­fort, o pop de Rita & o Re­vólver, o som de festa da gaita de flores pelo Mo­vi­mento dos Foles Are­jados, a iden­ti­dade forte do Cante Alen­te­jano pelo Grupo Coral e Et­no­grá­fico Amigos do Alen­tejo do Feijó.

An­te­ce­dido pela lei­tura por Luísa Or­ti­goso de um poema de João Monge es­crito pro­po­si­ta­da­mente para a ini­ci­a­tiva, a fi­na­lizar, com todos os ar­tistas em palco e o pú­blico de pé, de­pois do Avante!, da In­ter­na­ci­onal e do Hino Na­ci­onal, tempo houve ainda para o «Ven­ce­remos» num imenso coro que se agi­gantou guiado pela voz de Maria Anadon.

 



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